sábado, 26 de maio de 2012

Dores de crescimento




Imaginem a seguinte cena: uma criança saudável e muito ativa vai dormir bem e subitamente acorda chorando referindo uma dor muito forte nas pernas. Os pais, aflitos, procuram sinais de machucado ou de contusões, mas não há sinal algum de trauma, nem de vermelhidão ou de inchaço. Verificam a temperatura e não há febre. Os pais começam a fazer massagens no local e em poucos minutos, a criança volta a dormir tranquila e acorda muito bem de manhã, pronta para mais um dia de atividades normais.

Por que estas dores acontecem?
Esta é uma situação muito comum e vários estudos mostram que cerca de 30% das crianças entre três e doze anos podem apresentar as dores nas pernas ou nos braços, sem qualquer causa aparente. Pode acontecer igualmente em meninos e em meninas. Em geral, a dor é nos dois lados, ou seja, nas duas pernas ou nos dois braços e é descrita pela criança como uma dor profunda e intensa, que principalmente ocorre no final do dia ou à noite. Não ocorrem sinais de "inflamação" articular, ou seja: juntas inchadas, vermelhas e quentes são sinais que não estão presentes nos momentos da dor. Não há febre associada, nem outras dores, como dores de cabeça ou de barriga. E tão rápido como vem, a dor vai embora.
Há várias hipóteses sobre as causas das chamadas dores do crescimento. Normalmente, não é o osso que dói e sim os músculos. Em geral, trata-se de um desequilíbrio no ritmo de crescimento dos ossos, dos tendões e dos músculos. Uma estrutura pode se desenvolver de forma mais acelerada que a outra.
As crianças, principalmente nas fases de crescimento mais rápido, também chamados períodos de estirão, podem ter seus tendões tensionados e, por este motivo, as dores são mais comuns nos locais de ossos longos, como pernas e braços. Muitas vezes, observamos que essas crianças são, em geral, filhas de pais que também tiveram quadros semelhantes durante a infância. Também há associações com situações emocionais, ou simplesmente um evento específico, como o nascimento de um irmão, ou a entrada na escola, ou quando a mãe começa a trabalhar, ou durante algum conflito familiar. Estes são alguns exemplos de circunstâncias que contribuem para o surgimento destas dores.

Quando podemos suspeitar que a criança está com dor de crescimento?
- As dores ocorrem em crianças a partir dos três ou quatro anos até os dez ou doze anos;
- As crianças relatam uma dor forte bilateral especialmente na região de coxas e panturrilhas, mas pode também ocorrer nos braços;
- Não há sinais de trauma local, nem de vermelhidão, inchaço ou calor nos membros e nas juntas;
- Ao tatear o local, a dor não piora, nem há limitação dos movimentos;
- Não há outras queixas ou sinais de doença como febre ou mal estar;
- Geralmente não ultrapassam os 20 minutos. Muitas vezes duram menos tempo;
- As queixas acontecem mais no fim do dia ou durante a noite, quando a criança já está repousando, depois de um dia agitado, quando gastou muita energia. E, de manhã, ela acorda sem qualquer dor;
- A prática de atividade física e esportes pode se refletir na intensidade da dor;
- As dores são intermitentes, ou seja, um dia a criança se queixa e no outro não. Mas algumas crianças podem ter queixas todos os dias, outras apenas uma vez por semana e outras apenas uma vez por mês;
- Melhoram com massagens suaves na região das dores e também com calor local, através de uma toalha aquecida. Algumas vezes, o pediatra orienta o uso de analgésicos.
- Atividades de menor impacto, como a natação podem diminuir as crises de dores de crescimento.

As dores de crescimento, obviamente, não são classificadas como patológicas, porém, todas as situações devem ser analisadas pelo pediatra. Ele está habituado a reconhecer estas dores de crescimento e pode diferenciá-las de situações mais preocupantes, que merecem ser investigadas, uma vez que dores nas pernas e nos braços também podem sinalizar problemas articulares, reumáticos ou ósseos mais sérios.






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