sexta-feira, 16 de março de 2012

Laringite aguda




Quando uma criança abre bem a boca, o fundo da garganta se chama faringe. Logo abaixo da faringe, há um local chamado laringe, que é a transição para a traquéia, em direção aos brônquios e ao pulmão. O ar passa por este trajeto quando respiramos. Na laringe há duas formações chamadas cordas vocais, que, ao vibrarem, dão origem à voz. Veja no desenho abaixo as cordas vocais abertas e fechadas.




Existe uma situação relativamente freqüente chamada laringite. Nesta situação, a laringe inflama e as cordas vocais ficam inchadas, dificultando a vibração e a passagem adequada do ar. Como conseqüência, temos os sintomas de rouquidão, perda da voz, tosse rouca (a famosa “tosse de cachorro”), algumas vezes dificuldade para respirar e falta de ar. Com a dificuldade de passagem do ar, aparece um barulho durante a respiração, chamado estridor laríngeo. Daí, muitas vezes, chamar-se laringite estridulosa. Veja um exemplo de uma criança com laringite:


 







Perceberam o barulho rouco quando ela puxa o ar, a rouquidão e a dificuldade respiratória? Isto incomoda muito as crianças com laringite, apesar de não haver dor.

A laringite costuma ter como causa mais freqüente as infecções por vírus. Nesta situação, o estado geral da criança costuma ser bom, apesar da tosse rouca e dificuldade para respirar. Se há febre, em geral não é alta e nem é persistente, características de infecções virais. Porém, por haver dificuldade respiratória, uma crise de laringite pode assustar bastante, principalmente quem nunca passou por uma situação dessas. É uma crise que frequentemente ocorre durante a madrugada e leva muitos pais ao pronto-socorro nesse horário, por não saberem como lidar com o problema em casa. Alguns sinais podem servir de alerta para realmente procurar um pronto-socorro:

A criança fica com os lábios arroxeados, devido à falta de ar
A dificuldade para respirar é extremamente intensa e se reflete nas costelas e abdômen
A febre é alta e persistente

Se a criança está muito assustada devido à dificuldade respiratória, ela acaba chorando. O choro força a região das cordas vocais, piorando muito o problema. Uma dica nesta situação: feche todas as janelas do banheiro e ligue o chuveiro, deixando juntar vapor até que você nem enxergue direito. Coloque a criança neste ambiente úmido e quente por uns dois minutos. Em seguida, retire-a e a coloque para respirar o ar da janela, frio e seco por alguns instantes (não, isso não é loucura e não vai piorar as coisas). A diferença de umidade e temperatura “libera” a laringe e a crise de tosse melhora bastante, acalmando a criança, para que você possa procurar ajuda também com mais calma.

O tratamento da laringite costuma ser feito com a administração de corticosteróides por via oral. Algumas vezes são prescritas inalações, mas, se sua criança chora muito ao fazer inalação, é preferível não fazer, pois o choro piora ainda mais a laringite. O quadro costuma se resolver em uma semana, no máximo.

Existe uma situação em que a laringite ocorre por infecção bacteriana, que é bastante grave. É a chamada epiglotite, causada pela bactéria Hemophilus influenza. Hoje, felizmente, com a vacinação contra esta bactéria já a partir de dois meses de idade, o número de casos de epiglotite diminuiu drasticamente. Nesta situação a febre é alta, persistente, acompanhada de muita prostração e péssimo estado geral. É necessário tratar-se com antibióticos, caso contrário há piora do quadro com aumento da sua gravidade.

Vale também mencionar aqueles casos de crianças que têm laringites de repetição. Nestas situações pode haver por trás das laringites uma patologia chamada doença do refluxo gastresofágico, em que o ácido do estômago reflui até a laringe, irritando a mesma e causando laringite. Se é o caso de sua criança, não deixe de conversar com seu pediatra, que poderá solicitar uma avaliação otorrinolaringológica.



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