quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Criança precisa dosar o colesterol?








Se esta pergunta fosse feita há 20 anos, ela soaria um tanto estranha. Dosar colesterol em criança? Para quê, se o infarto só dá no adulto?

Só que os tempos mudaram e, da mesma forma como os bebês não dormem mais de bruços, as pesquisas mostraram que as alterações das coronárias não se iniciam na vida adulta, mas sim durante a infância! Isto mesmo, as pequenas coronárias dos nossos filhos já podem apresentar o início de um processo que culminará quando eles tiverem seus 50 anos de idade, ou menos, para desespero de muitos.


Eu sempre comento com meus pacientes que a pediatria de hoje é essencialmente uma medicina preventiva, pois estamos cuidando de pessoas que viverão 90 anos. Só que ninguém quer chegar aos 90 anos com a saúde péssima, sem poder andar um quarteirão e pedir arrego. E, justamente por este motivo, nos preocupamos desde cedo com as questões que serão fundamentais mais para frente.

No ano de 2011, a Academia Americana de Pediatria publicou um trabalho muito completo, normatizando a avaliação do colesterol em crianças.

Como eu já havia descrito em um post anterior, o colesterol medido no sangue depende da produção interna somado à ingestão alimentar, menos o que é queimado pelo exercício (para mais detalhes acesse http://www.pediatrio.blogspot.com/search/label/colesterol). Esta equação será o número que lemos no resultado do colesterol total. O colesterol total tem componentes ruins, sendo o principal deles o LDL colesterol e um componente bom, chamado HDL colesterol. O HDL colesterol funciona como um aspirador de colesterol ruim que se deposita nas artérias. Por este motivo é importante ter o HDL alto e o LDL baixo.

Em crianças, como funciona? Da mesma forma, só que os níveis desejados são mais baixos do que no adulto. Os níveis em crianças e adolescentes são:

Níveis Colesterol total LDL colesterol

Aceitáveis < 170 < 110

Limítrofes 170 – 199 110 – 129

Altos > 200 > 130

valores em mg/dl


Quando dosar?
A recomendação atual é que todas as crianças tenham uma dosagem de colesterol entre 9 e 11 anos de idade.

Porém, a recomendação muda para as crianças dos seguintes grupos:

Aquelas cujos pais ou avós tiveram ataque cardíaco, doença coronariana, infarto ou derrame antes dos 55 anos em homens e antes dos 65 anos em mulheres;
Aquelas cujos pais ou avós tenham níveis de colesterol igual ou maior a 240 mg/dl;
Aquelas cuja genética familiar é desconhecida ( como os adotados, por exemplo) ou que possuam características associadas a doença cardíaca, como pressão alta, diabetes ou obesidade.

Nestes casos, a primeira dosagem de colesterol deverá ser feita após os 2 anos de idade, mas não devendo passar dos 10 anos.

Crianças com níveis normais devem repetir a dosagem em um intervalo de 3 a 5 anos. Já aquelas cujos níveis estão limítrofes, devem repetir a dosagem após um ano, sendo orientadas quanto à dieta e exercícios.

Aquelas crianças cujo colesterol está alto necessitarão de cuidados alimentares mais rigorosos e atividade física mais intensa, com nova dosagem após 6 meses.

São pouquíssimos os casos que necessitarão medicamentos. Mesmo assim, só se recomenda tratar com medicamentos crianças maiores de 8 anos de idade, com LDL colesterol > 190 mg/dl, em que se esgotaram todas as alternativas anteriores.






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